Eu podia ser EU. Mas não sou. Não sou porque não quero. Porque EU é pouco demais. Ou pouco. Ou demais. Ser EU é ser somente um. Um que talvez eu ame, mas de todo. EU não é tu, nem nós. É somente EU...primeira pessoa do pronome pessoal do caso reto. Nem sei porque diabos deram essa nomenclatura para EU. Como se eles conhecessem EU.
Acho essa história de ser EU muito pobre. Prefiro ser ELES ou VÓS. TU eu não queria ser. TU também é pouco. TU é o EU do lado de fora. Ser EU do lado de dentro já é tão difícil, imagine do lado de fora. Tampouco, queria ser ELE. ELE é o EU que eu não conheço. E nem quero.
Talvez eu fosse NÓS. Mas NÓS são dois EUS. E eu já disse que EU não quero ser.
Sabe, se pudesse inventar outra pessoa pra conjugar os verbos eu inventaria. E seria JULIA. Ser JULIA não é ser EU, nem TU, nem ELES. JULIA conjugaria todos os verbos. Sem ter que entender que loucura é essa de ser EU.
Queria ser gramática, para poder inventar JULIA. Que seria sem pretensão de ser EU, TU, ELE, NÓS, VÓS ou ELES. Seria somente JULIA. Sem análise sintática.
Sei que me entenderia bem com JULIA.