Eu andava por um lindo campo quando vi uma menina chorando.
Ela tinha a pele avermelhada, o olho levemente puxado,
inchadinho de tanto chorar. O que passa? – perguntei acariciando seus cabelos
negros e lisos.
Ela me abraçou, e soluçava brutalmente.
Olhei ao redor, procurava nela algum sinal de ferimento.
Você está machucada? O que aconteceu? Me conta, quero te
ajudar!
Ela chorava, chorava e me abraçava forte. E então apontou
para onde umas árvores caídas estragavam a paisagem. Onde algumas máquinas
descoloriam os tons infinitos de Pachamama.
Eu a coloquei em meus braços e fui caminhando.
Então, ela parou de chorar. Ela não tinha mais que cinco,
seis anos. Agarrou no meu pescoço e balbuciou algo que não consegui entender.
Eu sentei com ela ainda no colo, e lhe disse: Agora que você
está mais calma, me conta o que aconteceu?
Ela me olhou, na alma, com os olhos ainda molhados.
Eles mataram minha árvore – ela me respondeu e voltou a
chorar.
A sua árvore? – eu perguntei sem entender muito bem o que
ela queria dizer.
Sim, eu tinha uma árvore, o nome dela era Guirázinha. E ela
me carregava pro céu. Meu pai me ensinou a subir nela, mas hoje eles derrubaram
ela. Não sei mais viver. Ela era a minha
melhor amiga. – e desabou a chorar.
Tirei da mochila um lenço.
Vamos secar suas lágrimas, pequena? – perguntei-lhe,
segurando as minhas.
Ela me abraçou. E disse, como dizem as crianças que são
apenas crianças:
Você pode secar, mas eu vou chorar de novo.