segunda-feira, 14 de julho de 2014

Ele nunca saberá que vulgaridade nasce do frio

Nos dias frios, ela sempre ficava um pouco vulgar. Algo acontecia com sua libido, e com sua vontade de ser nada, banal, inexistente, igual a tudo e a todos.
O telefone tocou e a coberta que a aquecia escorregou um pouco. Atendeu e sentiu frio. 
Era ele. 
Ele começou a divagar sobre dezenas de assuntos que só diziam respeito ao que ele gostava de ouvir.
Ela, com frio, permaneceu em silêncio.
E ele não parava de falar de si.
Nas terças-feiras, o frio nunca lhe incomodava, mas naquela a coberta se fez pequena e inútil.
O pouco que ela dizia era sobre ele.
E o muito que ele dizia era sobre ele.
Então, ela se questionou – por que diabos ele me ligou?
Sem eira, nem beira ele mandou um beijo e se despediu.
Sequer perguntou se ela estava bem.

E ela... ela só queria dizer que estava com frio.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Poema do dia frio

Meu amor, deixa eu dormir na tua casa
Me empresta uma meia
Me faz um café
Esquenta meu pé

Meu amor, me empresta uma coberta
Fecha a janela,
Deita aqui comigo

Tá frio.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Fogueira Dionisíaca

Acho que são suas mãos,
os seus olhos pequenos e verdes.
Esses que ficam escondidos
atrás desses óculos
de gosto bem duvidoso.
Talvez seja seu braço
envolvendo minha cintura
e me puxando pra perto.
Ou o choque quando você toca em mim.

Quem sabe
a sua sobrancelha insinuando
as sinuosas curvas do meu corpo.
Seus braços, suas costas, suas pernas,
sua panturrilha de herói grego,
esculpida em mármore.


Não sei ao certo.
Mas tem algo que acende
quando você tá perto,


Você faz uma fogueira dionisíaca em mim.