domingo, 27 de março de 2011

Drama!


E como eles podem olhar nos meus olhos e não acreditarem em mim?
Atriz, talvez sim. Mas atuar não é mentir. Atuar é apenas viver dramaticamente.
E o que é o drama senão a arte de viver. Afinal, viver é restrito a cinco funções vitais. Pelo menos para todos os outros seres é assim. Nós somos diferentes. Nós atuamos, fingimos que não somos meros mortais, efêmeros e insignificantes.

Chaplin disse que a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Mas eu discordo. Nós ensaiamos o tempo inteiro. E a maioria das vezes ninguém assiste nosso show. O que importa ser ator principal de um palco que não tem platéia? O que é o drama sem seu merecido reconhecimento? Pra quem eu atuo? Passo meus dias escrevendo roteiros, revisando-os, ensaiando-os. E muitas vezes recorro aos improvisos. Desse jeito ainda consigo mais drama.
A aventura, o romance, o terror, a comédia. Todos são dramas. Com suas peculiaridades.

E se depois de eu explicar isso tudo, ainda não acreditarem em mim? Um ator precisa de sua audiência. E não pode desagradar. Cada um escolhe seu público e como se apresentar a ele. E do mesmo jeito que se escolhe com o que se importar, se sabe que essa é a mediação. Que esse é seu diretor. Seja lá o que for, nosso público dá direção ao nosso espetáculo. E se ele não acreditar na nossa atuação, fracassamos.

O mais interessante de tudo isso, é possível mudar de escolha. É possível mudar de gênero.
O drama todo é que é possível mudar, se quisermos. E se não quisermos, podemos dramatizar!