E como eles podem olhar nos meus olhos e não acreditarem em mim?
Atriz, talvez sim. Mas atuar não é mentir. Atuar é apenas viver dramaticamente.
E o que é o drama senão a arte de viver. Afinal, viver é restrito a cinco funções vitais. Pelo menos para todos os outros seres é assim. Nós somos diferentes. Nós atuamos, fingimos que não somos meros mortais, efêmeros e insignificantes.
Chaplin disse que a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Mas eu discordo. Nós ensaiamos o tempo inteiro. E a maioria das vezes ninguém assiste nosso show. O que importa ser ator principal de um palco que não tem platéia? O que é o drama sem seu merecido reconhecimento? Pra quem eu atuo? Passo meus dias escrevendo roteiros, revisando-os, ensaiando-os. E muitas vezes recorro aos improvisos. Desse jeito ainda consigo mais drama.
A aventura, o romance, o terror, a comédia. Todos são dramas. Com suas peculiaridades.
E se depois de eu explicar isso tudo, ainda não acreditarem em mim? Um ator precisa de sua audiência. E não pode desagradar. Cada um escolhe seu público e como se apresentar a ele. E do mesmo jeito que se escolhe com o que se importar, se sabe que essa é a mediação. Que esse é seu diretor. Seja lá o que for, nosso público dá direção ao nosso espetáculo. E se ele não acreditar na nossa atuação, fracassamos.
O mais interessante de tudo isso, é possível mudar de escolha. É possível mudar de gênero.
O drama todo é que é possível mudar, se quisermos. E se não quisermos, podemos dramatizar!
2 comentários:
se fracassamos, fomos ótimos atores do fracasso! Cada ator tem a platéia que merece! Sobre você, Julia Maria, quem não te filma 24h por dia, perde milhões de dólares.
Prima, que lindo vc escreve!! que orgulho! nunca tinha passado aqui pelo seu blog.. dps vou ler os outros posts! saudades!! beijos! naty.
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