domingo, 15 de janeiro de 2012

Acordar e dormir, isso é relevante.

Ainda é escuro e um amigo dorme ao lado. É provável que ainda exista um resquício de sonho em mim. Do contrário, não pensaria tal coisa.

O amigo dorme e sonha. Tal como eu, há algumas horas. E não deveria fazer sentido, porque onde estamos, não deveríamos ter dormido. Pra que dormir? A vida acordada é bem mais real do que os sonhos que crio e que inevitavelmente me aprisionam o dia inteiro. Aquilo que é irreal toma conta de mim, meu irreal é mais bonito.

Talvez seja por estar tão longe da realidade que eu me permita não sonhar. Ou sonhar acordada fingindo ser realidade aquilo que sonho. Ou talvez eu mesma ainda não tenha acordado. E seja a mesma coisa.

Agora o amigo acorda. E me pergunta se ainda estou dormindo. Como se eu não soubesse que nem dormindo, nem acordada estou. Eu estou a sonhar. E transfigurando a realidade. Por que diabos eu ficaria acordada ou dormindo, se sonhar é mais legal?
Ele mesmo ainda não decidiu se acorda ou dorme, se sonha ou vive. Muito menos eu. Ainda não decidi e nem o farei, ficarei aqui, naquele momento entre o acordado e o dormindo onde que muitas pessoas pensam que estão caindo. Eu ficarei ali, sem dormir. Enquanto meu amigo não levanta. E quando tal acontecer, eu continuarei ali. A andar pelas ruas da minha não realidade.

E não faz o menor sentido.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Marina Morena



Tua luz se irradia negra e brilhante. Por onde passa, ela carrega consigo o teu sorriso.
O teu cabelo comprado.
A tua alma, imensurável, como todas as almas que não cabem num corpo.
O teu corpo, desenhado por Deus no último dia da criação.

Tu também levas consigo a minha alma. E tudo o que nela tu cativaste.
Leva o meu gosto pela vida. E pela noite.
Pela tua cor e tudo o que ela representa. Pela tua música.
Tu me fez, quando nada mais existia.
E o fez sem perceber.

Dá-me tua mão. Pra vida. E me ilumina.






Dedicado à minha musa: Marina Pereira.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Cartografia d'alma.

Da minha carne sobram poucas partes pra você desvendar. Meus mapas foram desenhados há algum tempo. Mas você pode se guiar por eles. Já minh'alma, nesta sim, você será meu Colombo! Meu infante, meu bandeirante, meu descobridor.

A alma cá dentro anseia por teus desenhos, por teu lápis, teu papel, teu pincel. Desenha minha alma.

Nenhuma curva da minha carne será tão bem retratada por qualquer outro do que os ventos sutis que minha alma fará no teu traço.

Ah, teu traço. Suave, firme, perfeito. Ah, teu traço!

Espera minha alma por tua inspiração. Vem.