Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. - Fernando Pessoa
domingo, 27 de junho de 2010
Vazio
Já não posso medir com as minhas mãos a angústia que é não te ter aqui.
Já não posso mais elaborar mentiras pra me convencer que eu fico bem sem você.
Já não posso mais.
Eu queria te dizer que eu não sei nem mais dizer o que é viver sem você.
Me desculpa, Moço.
Já não queria mais me sentir assim, eu juro.
Eu juro que queria esquecer que te amo. Porque até mesmo esquecer que você existe é assinar a sentença do vazio perpétuo. Vazio que ocupas por inteiro.
Moço, já não tenho alma. Ela te acompanha a todo tempo. E eu fico ainda mais vazia.
Já não sinto vontade de me desculpar. Não é minha culpa ser parte de ti.
Não me faça parte condenada do teu eu. Eu preferia a morte do que uma vida pela metade.
Por favor, não me faça insistir mais. Eu não tenho mais forças para gritar teu nome.
Não me faça implorar, porque eu imploro. Mas não quero fazê-lo.
Meu amor, não me jogue a um destino cruel. Não se deixe levar por ele.
Fica, volta. Eu to aqui. Te esperando. Ainda. Torta. Acabada. Esperando.
Por tudo o que eu preciso. Você.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Ai, você tava lá... me esperando. Eu parei do seu lado. E você com a cara mais lavada fingiu que me conhecia tão pouco. Foi o seu nariz tocar minha pele. Seu olhos mudaram, ganharam um brilho parecido com o da lua que iluminava a gente. Você finge muito bem que não me ama. Mas seus olhos te condenam. Eles, desesperadamente, gritam o meu nome. E você se confunde. Me confunde.
Você se cala. Com medo das palavras sairem da sua boca como saem dos seu olhos. Eu me escondo atras das minhas brincadeiras de muleca. E apenas nossos olhos conversam. Até que os dois pólos mais atrativos da terra se grudam de tal forma, com tal força que nem mesmo Newton conseguiria calcular. Teu peito, minha cintura. Suas costas, minhas mãos.
Ai já nos conhecemos como os velhos amantes que somos. Você me abraça demonstrando toda a saudade. Eu te olho demonstrando toda paixão. Sua mão não solta da minha. Seu nariz não desgruda da minha nuca. Seu corpo esquenta o meu. Seu coração controla meu ritmo. A gente não consegue perceber, mas já estamos cantando e dançando.
Já não é preciso nem pensar. Eu te amo? Não lembro. Já não posso pensar nada perto de você, já que deixo de existir. Eu não sou eu. Sou você. E me amo por isso, apenas.
Ai, você vai embora... para de falar. Seus olhos perdem o brilho. Me esquecem.
Um buraco se abre em peito. Mas apenas quando eu abro os olhos. Coloco vendas nos meus olhos, começo a cantar nossas músicas. Até consigo escutar sua voz. O buraco deixa de existir.
Assim, eu espero todos os dias... você voltar e me devorar!
terça-feira, 15 de junho de 2010
Sensações indizíveis!
Eu abri a porta da varanda para deixar o frio entrar. Em um minuto eu estava completamente gélida. Para alguém que sempre gostou tanto do calor, eu me perguntei o que mudou. Por que eu amo essa sensação de congelamento? Estranho...
Eu fechei... e esperei até sentir meu sangue circular novamente. Senti o rubor da minha face. E ele pouco significou. Eu ainda sentia muito frio. Me parecia que a porta ainda estava aberta e que aquele vento brando e congelante não tivesse cessado. Eu sentia o sangue. Eu sentia que ele estava ali irrigando-me fielmente como de costume. Mas não era um sangue quente. Era frio. Como a noite lá fora. Eu via uma lua brilhante que iluminava tudo, apenas eu ficava na penumbra. Inaquecível.
A sensação era agradável a minha cabeça, era como se por um curto tempo todos os meus pensamentos tivessem congelado. Mas meu corpo gritou, num espasmo súbito: Me esquente!
Eu obedeci. Mas a vontade de reabrir a porta ainda era grande. A vontade de não sentir mais nada. Enquanto o frio era grande eu nem conseguia senti-lo. Era absolutamente insensível. Não ouvia, não via, não falava e não sentia. Nem meus pelos ousavam arrepiar. Nada. Era um corpo estático, uma mente vazia em frente a uma porta de varanda aberta, observando uma lua, a qual nem conseguia enxergar. Talvez naquele momento até meu coração tenha congelado e parado de bombear meu sangue. Foi pouco tempo. E agora eu estava com frio. E ainda que eu gostasse do frio, não conseguia entender o porquê.
Talvez tenha sido a sensação de morrer por segundos, talvez por um segundo eu tenha realmente parado. Não sei, ao certo, o que aconteceu para amar tanto esse frio. Que até incomoda um pouco, mas me gela provocando sensações indizíveis.
sábado, 5 de junho de 2010
Uuuuu....
O Vento bate na minha janela sem pudor. Ele canta. Bate a porta. Me assusta.
Eu me enrolo no edredon. Enfio minha cara entre os travesseiros. Tento me proteger.
O Vento falou comigo. Me disse que já era hora de partir. Que existiam outras janelas.
Um alivio breve tomou conta de mim. Não ficaria mais assustada. Mas ai ele foi. E eu me senti só. Parece que as coisas que me assustam me fazem companhia. Talvez meus medos sejam meus companheiros mais fiéis. Afinal, eu nunca parei de os sentir.
Então o silencio tomou conta do meu quarto. Não tinha mais aquele uivo sinistro. Não tinha mais medo. Não tinha mais nada. A luz continuava apagada, como se todo de Thomas Edison fosse inútil.
Estava escuro, silencioso e vazio. E eu comecei a sentir falta do Vento. Era uma forte angústia de quem se sente só. De quem tem medo de ficar só. Mas antes eu sentia medo dele. E agora meu medo é ficar sem.
O Vento cantava pra mim Sérénade Mélancolique, com todas as notas bem executadas em seus sopros firmes e cortantes, como as cordas de um violino. Mas, eu, só o ouvia barulho. Um uivo medonho e feio.
Eu tentei assobiar as notas. Tentava lembrá-las, mas não era possível. Eu não tinha prestado atenção. A vontade de escutar só apareceu depois que tudo emudeceu.
Eu levantei olhei pela janela e a paisagem era estática. Não tinha mais meu vento lá fora. Os poucos pingos de chuva que ainda faltavam cair, caíam perpendicularmente ao chão sem desviar um milímetro sequer.
Deitei-me novamente, ainda na esperança dele voltar.
Estou aqui agora... esperando...
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Eu peço perdão. Ainda que eu quisesse tentar explicar, não consigo.
Não implique esse julgamento. Tá ficando ser difícil ser quem eu sou.
E não tem ninguém aqui pra ajudar.
Eu sei que você não entende, mas nem eu entendo. Mas para de tentar também. Eu já desisti, queria que você fizesse o mesmo.
Não me chame de louca. Nem ache que eu dificulto as coisas. Essa é a maneira mais simples que eu achei. Pode ser diferente da sua. E é. Mas não me chame de louca.
A minha tristeza não vem da minha incompreensão. Não faço questão que ninguém entenda.
Eu só preciso que parem. Parem de querer que eu seja feliz o tempo todo. Eu não consigo. Mas não há necessidade de você me chamar de depressiva.
Eu não to me escondendo. Eu não estou me culpando. Eu não estou me castigando.
To sendo eu. Só. E me bastando da maneira que posso.
Me perdoa por te confundir. Não foi a minha intenção.
Não implique esse julgamento. Tá ficando ser difícil ser quem eu sou.
E não tem ninguém aqui pra ajudar.
Eu sei que você não entende, mas nem eu entendo. Mas para de tentar também. Eu já desisti, queria que você fizesse o mesmo.
Não me chame de louca. Nem ache que eu dificulto as coisas. Essa é a maneira mais simples que eu achei. Pode ser diferente da sua. E é. Mas não me chame de louca.
A minha tristeza não vem da minha incompreensão. Não faço questão que ninguém entenda.
Eu só preciso que parem. Parem de querer que eu seja feliz o tempo todo. Eu não consigo. Mas não há necessidade de você me chamar de depressiva.
Eu não to me escondendo. Eu não estou me culpando. Eu não estou me castigando.
To sendo eu. Só. E me bastando da maneira que posso.
Me perdoa por te confundir. Não foi a minha intenção.
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