Naquela parede vermelha se escondia o teu sorriso. Por de trás daquela tinta ainda sobrava um pouco do afeto. E eu fiz questão de pintar de vermelho. O branco te guardava, como eu. Imaculado. Precisa de pintar da minha cor favorita. Para saber que existe o que é melhor que você. O que é novo e incompleto. O que não é imaculado e perfeito. Sujo, triste, pobre. Podre. Como a realidade. Era preciso pintar aquela parede. Três mãos de tinta rubra. Massa corrida. E eu ainda sentia o seu afeto.
Era preciso ir embora daquela parede. Um novo lugar, onde não exista o teu afeto. Guardado o teu afeto naquela parede, apagado pelo vermelho. E eu iria esquecer do teu sorriso. Seria a última vez. E nossas cabeças. Encostadas na parede vermelha. Mas as paredes não guardam sentimentos. Não guardam segredos. Nem escutam lamentos. Não.
Ainda haverá o teu afeto e to teu sorriso. Mesmo em uma nova parede. Mesmo que ela seja azul ou amarela. E mesmo que não haja parede. Haverá o teu afeto.
Um comentário:
A lembrança é uma forma de encontro sem hora marcada... por muitas vezes preferi as janelas, porque por elas as lembranças entram e saem... Mas para guardar as que não vão embora, temos as paredes.
Gostei muito, viu?
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