terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Na aventura dos sentidos


É o gosto da tua mão na minha boca, calando aquilo que não preciso dizer.
É a sua barba no meu peito, arranhando delicadamente meu honesto coração.
São seus olhos e a nossa solidão dividida nesse universo castanho amendoado.
Tua voz sussurrando ao meu ouvido, dizendo algo desconexo que me excita.
É a nossa liberdade de sentir o que não faz sentido.

Eu estou só e você tem o meu olhar, a minha mão, e minha alma deserta.
Vem, amar. 
Ser. 
E sentir aquilo que só faz sentido sentido. 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Do que poderia ter sido

Das coisas que poderiam ter sido 
O que mais me faz falta é o seu olhar 
Penso no que poderia ter sido 
Olha-los todos os dias. 

Das coisas que me fazem falta 
Seu contentamento poético sobre 
a vida, e como era teatral pra você 
o mundo. o parque. a vila. 

Ainda penso no que poderia ter sido
como se pudesse ser, só de eu pensar. 
Posso escrever, por exemplo,
tudo o que eu imagino 
Eu e você de mãos dadas. 
E você ainda mais alto. 

Hoje penso no que poderia ter sido. 
E agradeço, por não ser. 
Assim, posso imaginar. 

Não destruímos as possibilidades. 
Por isso, sou grata. 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

As mãos que agradecem a noite

Mãos grandes me embalam nesta noite escura. 
Movimentam-me como uma brisa numa plantação de trigo. 
Balança, mas não move. 
Da noite escura onde só há solidão, 
duas mãos esperam por mim. 
Quentes, dóceis. 
Minhas. 

Na minha cabeça uma delas tira dos meus cabelos 
todos os pensamentos que a eles pesam o dia.
Na minha cintura a outra acalenta a alma 
que misericordiosamente pede para sair do corpo.

São essas mãos, sempre essas mãos 
que quando eu acordo se afastam 
e quando eu levanto se juntam novamente. 
Em oração, lamentando a minha ida. 

É por essas mãos que todos os dias eu volto 
a adormecer, e por elas não me faltam sonhos 
Caso eu acorde, elas estão sempre lá 
À espreita, esperando para me tocar

Sonho que essas mãos possam ser reais, 
e que sejam suas.