sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

As mãos que agradecem a noite

Mãos grandes me embalam nesta noite escura. 
Movimentam-me como uma brisa numa plantação de trigo. 
Balança, mas não move. 
Da noite escura onde só há solidão, 
duas mãos esperam por mim. 
Quentes, dóceis. 
Minhas. 

Na minha cabeça uma delas tira dos meus cabelos 
todos os pensamentos que a eles pesam o dia.
Na minha cintura a outra acalenta a alma 
que misericordiosamente pede para sair do corpo.

São essas mãos, sempre essas mãos 
que quando eu acordo se afastam 
e quando eu levanto se juntam novamente. 
Em oração, lamentando a minha ida. 

É por essas mãos que todos os dias eu volto 
a adormecer, e por elas não me faltam sonhos 
Caso eu acorde, elas estão sempre lá 
À espreita, esperando para me tocar

Sonho que essas mãos possam ser reais, 
e que sejam suas. 



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