Foto: Elliott Erwitt |
Há algum tempo venho
pensando nos porquês, nessas razões psíquicas para sermos como somos. Em um
recorte amplo e sem o menor comprometimento científico, tenho tentado desvendar
essas coisas loucas que passam na minha mente e não tem de forma alguma como se
fixar. São as diversas formas de olhar o mundo que me fascinam, mas há algo de
muito errado, algo quase catastrófico, que nos pune desde que nascemos.
A negação de nosso
instinto animal, explicado por Freud e depois por tantos outros que o seguiram,
mas faz sentido? Acredito que sim, nosso erotismo é guardado por senhas,
horários, e faixa etária. E somos condenados a praticar qualquer ação de prazer
sexual de forma monogâmica, discreta e decente.
Se as religiões
conspiraram para que o sexo fosse – ainda hoje – um tabu ou um vergonha, não é
somente culpa delas a gigante aflição que o ser humano tem com a questão
sexual. Não há liberdade nesse campo, e quando há, são palavras como
libertinagem e promiscuidade que identificam a ação.
Porem, nada disso é
novidade, e investigar a sexualidade humana só tem uma função: a de
desmistifica-la. Hoje mais do que nunca. As bandeiras LGBT e identificações de
gêneros hoje em dia não só estão mais na pauta científica como também na pauta
política. Mas é preciso entender que para debater o assunto da pluralidade da
sexualidade humana, temos que entender que essa é uma só. Os valores que
precisamos encontrar no meio desse caminho é só um. E se não o encontrarmos,
estaremos fadados a um mundo de preconceito, estaremos presos no limbo, sem
esperança de saída.
Quando falamos de
sexualidade, falamos da relação dos seres em busca de prazer. Mas não
erotizamos, não falamos das sacanagens, das putarias, isso não se debate, é de
cada um, é pessoal, é íntimo. Será que não é exatamente aí que erramos? Será
que não é uma gigantesca hipocrisia achar que não se debate numa esfera mais
comprometida a putaria e a sacanagem? Talvez, devêssemos gritar sem pudor que
gozamos. É necessário também discutir o que nos faz gozar e perder o medo dos
fetiches e das perversões, afinal eles existem e ignorá-los não os farão
sumir.
Talvez seja necessário,
acima de tudo, levar o erotismo ao pé da poesia. A poesia que pra muitos é
apenas uma arte ou um gênero lírico, mas hoje ela tem um papel fundamental na transformação
do indivíduo e em como ele é capaz de ações que podem mudar o seu meio social.
Não há esperança sem poesia, mas também não há esperança sem erotismo. Desapegar
das amarras dos nossos conceitos de puro e impuro e levar o debate pra rua, pro
bar.
Eu gozo, logo existo. E
por existir e gozar preciso entender porque o meu prazer é um crime pra muita
gente, e acima de tudo, preciso fazer com que ele não seja.
Se vocês querem um mundo
melhor, se erotizem!
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