Mariana olhava a o cristo na janela, comia um sanduíche e
admirava o trânsito que a acordara naquele dia ensolarado às 7:30 da manhã. Talvez
não tenha sido o trânsito que a tenha acordado, talvez tenha sido seus sonhos.
Mariana sonhava com a desordem pública, sonhava com os
camelôs bebendo cerveja ao meio-dia, e os guardas municipais que já não tinham
posto algum vagabundeavam ao som de funk.
Sonhava com mulheres andando na rua confortavelmente, sem
medo.
Foi então que um carro de polícia apareceu no sonho.
Um homem alto, negro, bonito e bem educado saiu do carro.
- A senhora está sonhando com desordem, Dona Mariana?
- Não, senhor. Estou sonhando com a utopia.
- Não queira me enganar.
- Não, senhor. Posso te explicar melhor!
- A senhora está presa por desobediência e incitação ao
caos.
- Mas, mas... senhor o caos, ele é o gerador da nova...
- Silêncio, a senhora tem o direito de ficar calada.
Mariana acordou assustada, levantou olhou a claridade que
vinha da sua janela e sentiu o suor na sua cama.
Tive um pesadelo horrível - pensou.
Foi até a cozinha na solidão que lhe fazia companhia. Não
podia crer que seria presa por sonhar, nem em seus pesadelos sem sentido, onde
macacos viravam freiras, isso era possível.
Eu não quero sonhar isso, disse Mariana ao queijo que
cortara.
O queijo não respondeu.
O trânsito ia aumentando e ela ficava imóvel na janela.
Será que foi sonho?
Será que o universo quer me dizer alguma coisa?
Mas eu nem acredito em forças ocultas do universo, o que é
que me deu?
O painel de trânsito mostrou:
Utopia: 128339740840943943962449 horas e 15 minutos
Então, ela riu e disse:
Tá mais rápido que chegar na Barra.
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