segunda-feira, 14 de julho de 2014

Ele nunca saberá que vulgaridade nasce do frio

Nos dias frios, ela sempre ficava um pouco vulgar. Algo acontecia com sua libido, e com sua vontade de ser nada, banal, inexistente, igual a tudo e a todos.
O telefone tocou e a coberta que a aquecia escorregou um pouco. Atendeu e sentiu frio. 
Era ele. 
Ele começou a divagar sobre dezenas de assuntos que só diziam respeito ao que ele gostava de ouvir.
Ela, com frio, permaneceu em silêncio.
E ele não parava de falar de si.
Nas terças-feiras, o frio nunca lhe incomodava, mas naquela a coberta se fez pequena e inútil.
O pouco que ela dizia era sobre ele.
E o muito que ele dizia era sobre ele.
Então, ela se questionou – por que diabos ele me ligou?
Sem eira, nem beira ele mandou um beijo e se despediu.
Sequer perguntou se ela estava bem.

E ela... ela só queria dizer que estava com frio.

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