quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O momento imóvel

De repente, não mais que de repente. Ele acontece. Um segundo. Um segundo que você jamais poderia poderia perceber, se não fosse por tudo ter mudado. Uma fração de tempo invisível, mas não pra você. É aquele milésimo em que tudo acaba, tudo. Onde você muda e nunca mais volta a ser o que era. Aquele segundo que seu coração bate tão forte que é possível sentir o sangue sob a pele.
Aquele instante onde você descobre que já não é o que era, que já não tem o que tinha.

O momento que perde algo irreparável. Insubstituível.
Nada será como era antes. Nem você. Nem o mundo a sua volta.
Você não vai esquecer esse segundo. Mesmo que tudo volte a ficar bem. Mesmo que a vida siga. Esse segundo é inesquecível.

A gente não espera, não acredita, mas ele vem. Uma, duas... quantas vezes a vida achar conveniente. Esse momento chega, roubando partes da nossa vida. Da nossa história. Mudando quem somos, sem pedir licença. Não adianta lutar contra. E nem temê-los. Eles simplesmente existem. Como se fossem datados, planejados.

É impossível prever. E se fosse não seriam sustos. Não seriam arbitrários, nem tão radicais. Mas é esse seu dever. De arrancar tudo o que já estava construído. De nos forçar a mudar. Dizem até que é para dar mais emoção a vida. Não são bons. Não trazem boas recordações. Mas as coisas boas não chocam. Não imperam. Talvez devessem.

O momento imóvel gera o drama. Que gera a desordem. E o fim. É o fim. Fim de algo que até agora existia. Nos pertencia. Nos completava. Depois é difícil continuar. Saber o que fazer. Não existe um manual para se lidar com isso. Os minutos após são de assimilação. É meio como se seu corpo ainda tivesse se adaptando a nova situação. De repente você para. E se dá conta do que perdeu. Seu melhor amigo. O amor da sua vida. Sua mãe. Seu avô. Seu tio. Percebe o grande buraco que abriu quando aquele segundo aconteceu. As vezes demora e o desespero, a tristeza só acontece depois.

Odeio momentos assim.

3 comentários:

Gabriel Zambrone disse...

Você acaba de perder. Mas não se esqueça que ainda existe a recuperação. Ainda que seja parcial, a recuperação é boa e dura mbem mais tempo, ao contrário da faca encravada que é o momento imóvel.

Paulinha disse...

A gente não espera. E por não esperar, nunca estamos preparados. O momento é mesmo imóvel, mas o resto não... E aí seguimos...

Carol disse...

Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos... há momentos que nos paralizam,outros que nos jogam pra frente,bons ou não,são a soma do que vivemos e nós somos o resultado deles.